O Teatro Municipal de Niterói recebe nos dias 27 e 28 de julho, Nathalia Timberg, com a peça “Através da Iris”, que dá início as comemorações pelos 90 anos da estrela. A atriz está em cena como Iris Apfel dando uma entrevista - ela abre sua casa e divide, com uma suposta equipe jornalística, suas histórias e opiniões sobre os mais variados assuntos, sem papas na língua.
“More is more, less is bore.” "Mais é mais, menos é chato", uma brincadeira com o velho “Menos é mais”, é o lema da novaiorquina Íris Apfel, 97 anos, empresária, designer de interiores e hoje uma das maiores referências mundiais na arte pop e no mundo fashion.
Através das ideias arrojadas e do humor ácido de Iris Apfel, a peça é um elogio à liberdade de ser e de se expressar, em qualquer tempo da vida. Apfel, hoje aos 97 anos, inspira e surpreende artistas e criadores mundo afora com sua autenticidade e pensamento. Suas ousadas misturas ao se vestir, seusacessórios exuberantes, os óculos gigantes e roupas multicoloridas falam sobre a independência a que todo tem direito. Sobre experimentar - e se experimentar – sem medo do julgamento.
Quando ainda atuava como designer de interiores, Iris, junto ao seu marido, Carl Apfel (morto em 2015, aos 100 anos), viajava o mundo em busca dos tecidos perfeitos para a clientela ilustre que incluía nomes como Estée Lauder, Jacqueline Kennedy Onassis e Greta Garbo. A dupla foi chamada para decorar a Casa Branca por nove mandatos: Truman, Eisenhower, Nixon, Kennedy, Johnson, Carter, Reagan e Clinton. Aos 84 anos de idade, a designer foi surpreendida por uma virada em sua vida: passou a ter seu estilo reverenciado pelo mundo todo depois se tornar tema de uma exposição no Metropolitan Museum de Nova York, onde inicialmente seriam apresentados cinco looks seus em uma pequena galeria, mas o evento se transformou numa exposição inteira com mais de 80 looks e cerca de 150 mil visitantes.
“Uma das maiores surpresas que tive ao escrever ‘Através da Iris’ foi ter encontrado uma segunda personagem, dentro da nossa ‘Estrela Geriátrica’. Não são apenas moda, estilo, frases ácidas e divertidas que permeiam seu universo. Descobri uma mulher de vida colorida - ela mesma fala que as cores ressuscitam os mortos - com uma larga experiência, movida pela vivacidade, bom humor e coragem. Encontrei uma Iris que serve de exemplo para todos aqueles que desistiram da vida. Lembrem-se de que ela tem 97 anos e uma imensa alegria de viver!”, vibra o autor Cacau Hygino.
SINOPSE
Nathalia Timberg está em cena como Iris Apfel dando uma entrevista - ela abre sua casa e divide, com uma suposta equipe jornalística, suas histórias e opiniões sobre os mais variados assuntos, sem papas na língua.
A MONTAGEM
Nas palavras da diretora: “O que mais me interessa durante o processo de construção teatral é a possibilidade de se estabelecer inúmeros pontos de vista sobre a mesma obra ou, no nosso caso, sobre a mesma pessoa. Quando me deparei com essa figura excêntrica, icônica que é Iris Apfel, eu, de imediato, fiz a minha escolha. Transpor para cena não aquela mulher com todos seus acessórios e marcas. Mas sim me apropriar do ser humano que estava por trás disto, aproximando o espectador deste universo, que para mim não era somente estético. Estabeleci minha encenação por vias do teatro documental, na tentativa de ultrapassar essa linha tênue entre realidade e ficção. Onde as questões abordadas são pertinentes a qualquer geração, em qualquer tempo, afirmando verticalmente um pacto com o real.”
A diretora Maria Maya, em parceria com o autor Cacau Hygino, concebeu o espetáculo como um documentário cênico. Os depoimentos da atriz no palco se misturam às suas aparições em vídeos projetados no cenário. As ações presenciais dialogam com as ações virtuais, numa interação em tempo real.
O cenário de Ronald Teixeira é uma grande caixa vazada por janelões, por onde vemos o interior da casa de Iris, com sua exuberância e barroquismo – objetos multicoloridos que vão desde velas e obras de arte a bichos de pelúcia e flores, além de duas coloridas poltronas bergère.
IRIS APFEL
Aos 97 anos e, hoje, mais pop do que nunca, a designer de interiores novaiorquina não foi e nem é estilista, modelo ou editora de moda - isso, porém, não a impediu de se tornar um ícone de estilo, dialogando com o mundo através de seu look, em que não economiza na exuberância e na riqueza de detalhes.
Empresária, designer de interiores e a partir de então genuíno ícone da moda, a norte americana, uma das primeiras mulheres a usar calças jeans nos EUA, ganhou espaço sob os holofotes na última década graças à sua autenticidade e ao seu inconfundível estilo colorido e exuberante. Segundo a própria, os acessórios são itens obrigatórios na composição do look, o que torna qualquer um mais elegante.
Entre 2005 e 2006, Iris foi tema da exposição “Rara Avis: Selections from the Iris Barrel Apfel Collection”, que aconteceu no Metropolitan Museum (NY); em 2007, apresentou peças de seu guarda-roupas para o livro “Rare Bird of Fashion: The Irreverent Iris Apfel”; em 2011, no auge de seu reconhecimento, fechou parceria com famosa empresa de maquiagem para lançar uma coleção exclusiva.
“Envelhecer graciosamente é não usar maquiagem pesada e não tentar parecer mais nova. Eu acredito que foi Chanel quem disse ‘Nada faz uma mulher parecer tão velha quanto tentar desesperadamente parecer jovem’. Acho que você pode ser atraente em qualquer idade. Nunca tive muito mentores ou ícones nem nada, eu simplesmente fui indo. Não estou fazendo nada violentamente diferente do que eu fazia há 50 anos. Meu marido e eu riamos disso o tempo todo porque pensamos ‘Meu Deus’, essas garotas dizem que eu sou ‘cool’, ou ‘hot’, ou qualquer que seja a expressão, e eu não estou fazendo nada diferente do que fazia há muito tempo. É engraçado. Não posso dizer que não gosto, é muito lisonjeiro! Quando você é velho, começa a desmoronar – e precisa fazer o melhor possível para se manter firme. Acho que fazer coisas e se manter ativo é muito importante. Graças a Deus eu amo fazer coisas. Eu me sinto abençoada por ter todas essas oportunidades nessa fase da vida.” – Iris Apfel
NATHALIA TIMBERG - atriz
Carioca, nascida em 1929, Nathalia Timberg é uma das mais importantes atrizes brasileiras. Com longa história no teatro, no cinema e em televisão (desde o lendário Grande Teatro Tupi, da extinta TV Tupi), atuou num sem número de teleteatros e telenovelas, assim como de um dos primeiros telejornais da Rede Globo, o Tele Globo. Tornou-se um mito aos olhos do público durante a exibição de “O Direito de Nascer”, nos anos 1970. Alguns de seus trabalhos são considerados clássicos da teledramaturgia.
Reconhecida por sua vasta carreira no teatro e na televisão, foi no cinema que teve sua primeira experiência artística. Aos seis anos, fez uma participação especial no filme O Grito da Mocidade, de 1937. Só voltaria a trabalhar numa produção cinematográfica mais de 20 anos depois.
Coleciona em seu histórico mais de 40 peças teatrais, cerca de 08 obras cinematográficas e mais de 64 trabalhos na televisão, entre minisséries, programas e novelas. Consagrada pelo público e pela crítica, foi indicada a inúmeros prêmios por sua atuação e homenageada em importantes eventos relacionados ao cinema, ao teatro e à televisão.
MARIA MAYA – diretora
Bacharelada em Artes Cênicas pela UNIRIO, Maria Maya é atriz e diretora. Vem dirigindo peças no Rio e em São Paulo com sucesso e regularmente, entre elas "Adorável Garoto”, de Nicky Silver; “Não Somos amigas”, de Michelle Ferreira; "Lady Christiny”, baseado em documentário homônimo; “Talk Radio", de Eric Bogosian. Também dirigiu shows, como o de estreia da turnê do disco “Momentos que marcam demais”, de Sandra de Sá; e do lançamento da Banda Swing Tribo. Maria Maya já atuou como diretora assistente na televisão (“Malhação“ e a série “Sitio do Pica-Pau Amarelo“, ambas na TV Globo) e no cinema (o curta “Angústia” de Hsu Chien).
CACAU HYGINO - autor
Em 1992, fez sua estreia profissional como ator no teatro. É autor das peças “Herivelto Como Conheci”, com Marília Pêra; “100 Dicas Para Arranjar Namorado”, com Daniele Valente; “Liza, Lisa e eu”, com Simone Gutierrez; e “Deu a Louca Na Branca”, com Cacau Protásio.
Teve publicados seus livros “Mulheres Fora de Cena” (Ed. Globo/2005), “Nós e Nossos Cães” (Ed. Globo/2006), “Virna – A Trajetória De Uma Guerreira” (Casa da Palavra/2007), “Fofoca” (Espassum Editora/2008), “Herivelto Como Conheci” (Espassum Editora/2011) e “Nathalia Timberg – Momentos” (MBooks/2014). Lançou ainda a fotobiografia da atriz Irene Ravache - “Simples Assim, Irene” e Zezé Motta.
SERVIÇO:
ATRAVÉS DA IRIS – TEATRO ADULTO
Datas: 27 e 28 de julho
Horário: sábado, às 19h, e Domingo, às 17h
Classificação etária: 12 anos
Duração: 50 min
Ingresso: R$ 80,00
Local: Teatro Municipal de Niterói
Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói
Tel: 2620-1624