Com a curadoria e pesquisa de Rafael Frederico Teixeira, que realizou o trabalho como forma de doação à Secretaria Municipal de Cultura, a mostra Partituras Autógrafas Brasileiras acontece na Sala Carlos Couto, anexo ao Teatro Municipal de Niterói, a partir desta terça-feira, 06 de setembro, às 19 horas com apoio do Ministério da Cultura e Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura – IPHAN, Museu Villa – Lobos e Biblioteca Alberto Nepomuceno – Escola de Música da UFRJ. As partituras focalizam compositores naturais do Rio de Janeiro e adjacências ou aqueles que desenvolveram considerável parte de sua obra neste estado. O público verá reproduções de documentos musicais escritos pelas mãos dos próprios autores, entre eles, Padre José Maurício Nunes Garcia, César Guerra-Peixe e Radamés Gnatalli.
“Como músico profissional, acho curioso pensar que dedico meu tempo e energia criativa a algo que só existe no campo mental, que só se concretiza na duração de tempo em que é executado e ouvido através de um instrumento, uma voz, ou mesmo intimamente, como quando um maestro estuda um movimento de uma sinfonia, um pianista dedilha na imaginação uma partitura difícil à primeira vista, ou um apreciador relembra uma passagem ouvida em um concerto. Pois assim é a Música, a arte que, por inclinação, escolhi para destinar minha perseverança.” Disse Rafael Teixeira, curador da mostra.
A música é dita a mais abstrata das artes, já que é indispensável o ouvido que a ouça e a memória que registre suas relações. De outra forma, a música não passaria de meras ondas sonoras - movimento que, no ar, ainda que organizado, pousaria impassível ao interesse humano. É, portanto, através da partitura a música alcança a materialidade perene, como um projeto que aguarda, em aberto, a próxima chance de existir. A partitura é a representação simbólica de uma estrutura detalhada que não só admite como necessita de uma fração de imaginação e criatividade do intérprete para transformá-la em música. É notória a grande variedade de resultados musicais obtidos quando comparamos as performances dos maiores intérpretes, maestros e orquestras. Ainda que sempre fiéis ao texto musical, diferem no resultado sonoro exatamente naquilo que não pode ser escrito.
Segundo Rafael, “esta exposição traz ao público reproduções de algumas páginas de importantes obras de compositores brasileiros que venceram o tempo através da qualidade e do pleno domínio de seu trabalho, considerando-se as diferentes épocas e estilos da notação musical. Do que se encontrava disponível nos acervos consultados - Biblioteca Nacional, Museu Villa-Lobos e Biblioteca de Música Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ -, selecionei um conjunto que pode dar uma noção do amplo universo de diferenças na maneira de expressar idéias musicais na pauta, em um espaço temporal de mais de dois séculos. Aproveito para agradecer a generosa cooperação e atenção por parte do corpo de funcionários das instituições acima citadas“.
Esta exposição, portanto, exibe reproduções de documentos musicais escritos pelas mãos dos próprios autores e desperta um incentivo à investigação mais minuciosa dos originais. Existem ali certas reminiscências do método de desenvolvimento e da organização das idéias para a concepção das obras, sobretudo onde há grande incidência de arrependimentos, rasuras; assim como indicações extra-musicais como setas, quadros, formas e textos. Pode-se confirmar, também, através dos cadernos de esboços, como se originou uma passagem melódica em sua forma bruta, sem harmonia, contraponto ou linha de baixo, texturas de acompanhamentos ou distribuição instrumental. De maneira inversa, pode-se descobrir, com surpresa, que uma seção de lirismo melódico pungente surgiu, na verdade, de uma linha de baixo, uma textura de acompanhamento ou uma progressão de acordes.
Partitura de Pe.José Mauricio na Sala Carlos Couto (Divulgação)
Serviço:
Exposição partituras autógrafas brasileiras
Data: 06 de setembro a 30 de outubro
Horário: 19 horas
Entrada Franca
Sala Carlos Couto
Rua XV de Novembro, 35, Centro (anexo ao Teatro Municipal).
2620-1624