Maria Carolina de Jesus nem sonhava que sua vida quase invisível repercutiria em todo o mundo. E isso aconteceu. Do anonimato para a projeção internacional, a mulher negra, favelada e semi analfabeta surpreendeu o país e vários outros continentes ao ver publicado o seu diário, traduzido para 29 línguas. A biografia agora ganha uma versão para teatro, em uma montagem do Rio de Janeiro, com a atriz carioca Andréia Ribeiro, e tem estreia nacional em Uberlândia na próxima semana, dias 18 e 19, no Teatro Municipal dentro da programação local da Semana Nacional da Consciência Negra.
O espetáculo é uma adaptação da obra “Quatro de Despejo, Diário de Uma Favelada”. Trata-se de um registro das lembranças de infância da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. Mulher negra, pobre e favelada, que sustentava a família catando papel nas ruas de São Paulo e escrevia diários. Descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, Carolina teve seu primeiro livro publicado nos anos 60 com enorme sucesso. Com a linguagem dos despossuídos, ela fez de sua obra um meio de denúncia sócio-política, trazendo o testemunho de sua vida e fazendo deste um libelo contra a opressão, um manifesto contra a intolerância, qualquer forma de discriminação e o preconceito de raça e gênero.
Hoje traduzida em diversos países, sua obra é estudada e referenciada mundo afora. Carolina foi incluída na Antologia de Escritoras Negras publicada em 1980 pela Random House em Nova York e no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, publicado em Lisboa por Lello & Irmão.
O espetáculo tem adaptação, direção e cenário de Ramon Botelho. A atriz Andréia Ribeiro vive Carolina Maria de Jesus. Iluminação de Paulo Cesar Medeiros, trilha sonora de Marco Lyrio e figurino de Wagner Louza.
Sobre Andréia Ribeiro
Além de participar de várias montagens teatrais no Rio de Janeiro e atuações no cinema, Andréia Ribeiro tem passagens pela televisão em novelas, séries e minisséries, como “Memorial de Maria Moura”, “Mulheres Apaixonadas”, “Pé na Jaca”, “A Grande Família”, da Rede Globo, além de “Vidas em Jogo” e “Vitória”, ambas da TV Record. Atriz nascida no Rio de Janeiro, bailarina com formação em Dança Contemporânea e Pós-graduada em preparação Corporal nas Artes Cênicas pela Escola Angel Vianna.
Cursou teatro na CAL (CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS), onde logo no início do curso foi convidada pelo diretor Almir Telles para fazer parte do elenco do musical “O Alienista” de Machado de Assis. Desde então, não parou de atuar e hoje tem a sua própria produtora, a Casa Forte Produções Culturais e Esportivas.
Sobre Bitita
Em 2014, foi celebrado centenário de Carolina Maria de Jesus, nascida em Sacramento, oriunda de uma família extremamente pobre que, contrariando todos os indicadores negativos (favelada, semi analfabeta, negra, catadora de lixo, mãe solteira…), tornou-se escritora/compositora.
Na década de 1930, já em São Paulo foi morar na favela do Canindé. Seu sustendo próprio e de seus três filhos foi exercendo a atividade de catadora de papel. No meio do lixo, Carolina, encontrou uma caderneta, onde passou a registrar seu cotidiano de favelada, em forma de diário.
Carolina teve suas anotações publicadas, em 1960, no livro “Quarto de Despejo”, que vendeu mais de cem mil exemplares. A obra foi prefaciada pelo escritor italiano Alberto Moravia e traduzida para 29 idiomas. Também foi adaptado para o cinema e agora para o teatro.
Em 1963 Carolina publicou, pela Editora Áquila, o livro “Pedaços da Fome”, com apresentação de Eduardo de Oliveira. No ano da sua morte (1977), durante entrevista concedida a jornalistas franceses, Carolina entregaria seus apontamentos biográficos, onde narrava sua infância e adolescência. Em 1982 o material foi publicado postumamente na França e na Espanha, sendo lançado no Brasil em 1986, com o título “Diário de Bitita”, pela editora Nova Fronteira.
SERVIÇO
Homenagem a Bitita
Local: Teatro Municipal de Uberlândia
Endereço: Av. Rondon Pacheco, 7070 - Tibery, Uberlândia – MG
Telefone: (34) 3235-1568
Data: Dia 18 às 20h / Dia 19 às 14h e 20h
Entrada gratuita.