Dois anos após sua morte, Almir Guineto vai ganhar uma merecida homenagem. O sambista, fundador do Fundo de Quintal e autor de muitos sucessos, terá sua obra revisitada pelo cantor e compositor Marcus Lima, num show inédito no dia 10 de julho, no palco do Teatro Municipal de Niterói. Essa realização da Secretaria Municipal das Culturas e da Fundação de Artes de Niterói (FAN) integra uma programação de projetos em prol da valorização da cultura e da música nacionais.
No show Insensato Destino – Marcus Lima canta Almir Guineto, o cantor e compositor faz uma imersão no repertório do sambista, um dos maiores representantes do partido alto e do samba de raiz, chamado de “professor” por nomes consagrados como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, a quem ensinou a tocar banjo.
“Além de ser um excelente cantor, dono de um timbre grave e marcante, ele foi um artista completo. Revolucionou o samba introduzindo o banjo que ele adaptou com um braço de cavaquinho, dando um som mais encorpado e mais swingado e chamando a atenção pela sonoridade que conseguia. Ele inventou um instrumento novo, que foi incorporado por vários músicos”, explica Marcus Lima.
A homenagem contará com a participação especial do também cantor e compositor Almirzinho Serra, filho de Almir Guineto, que após dois anos à frente do grupo Revelação, agora segue em carreira solo.
“Quando o Marcus Lima me apresentou o projeto, achei muito interessante e aceitei prontamente. O Almir Guineto é um nome que tem que ser tratado com muito carinho por toda contribuição que deu. O Marcus é um músico muito sério, tenho certeza de que será uma bela homenagem ao meu pai. E ainda vai ser no Teatro Municipal de Niterói, um espaço ótimo e muito aconchegante, onde já tive o prazer de me apresentar”, aprova Almirzinho.
Canções como Caxambu, Conselho, Jibóia, Lama nas Ruas, Mel na Boca e Coisinha do Pai, que viraram sucesso com ele e outros intérpretes como Beth Carvalho, Alcione e Jovelina Pérola Negra, serão relembradas. Para esta homenagem, algumas músicas ganharam novos arranjos de Luis Felipe de Lima para revelar a sutileza e a genialidade das composições.
“Os andamentos serão mais lentos. As letras dele são viscerais e trazem muita verdade. Quero revelar isso. Não dá para imitá-lo porque ele é único, tinha uma voz rouca e um jeito próprio de cantar. Na verdade, vou sair da minha zona de conforto e mergulhar no universo do Almir, que criou o samba contemporâneo”, adianta Marcus.
Para acompanhar, a roda contará com participantes do Samba da Gávea, como Thiaguinho da Serrinha na percussão, PC Castilho na percussão; Bruno Barreto no cavaquinho; Eduardo Neves no sax/flauta e Marcio Wanderley no banjo. No violão, Luís Felipe de Lima, que também é responsável pelos arranjos e pela direção musical.
“O Almir Guineto trouxe o banjo para o samba e, com sua voz rascante, nos apresentou dezenas de clássicos cantados até hoje em rodas de norte a sul do país. Conheço poucos intérpretes que conseguem cantar a obra de Almir com tanta eloquência, autoridade e elegância como o Marcus Lima”, elogia Luís Felipe de Lima.
A ideia do espetáculo em homenagem ao artista foi idealizada pelo produtor musical e presidente do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB), João Carino, que ao estudar clássicos do cancioneiro popular ficou embevecido com a interpretação de Almir para Pedi ao Céu.
“Um artista como ele tem que ser lembrado e incensado o tempo todo, pensei. Fui correndo falar com o talentoso Marcus Lima. Quer fazer um show cantando Almir Guineto? O Almir foi o maior da sua geração. Compositor de primeira, cantor espetacular, timbre único, pai de todos os artistas da sua época. Não é por caso chamado de "professor" por Zeca Pagodinho. Apesar de injustiçado, emplacou mais de 20 sucessos. Um fenômeno”, enaltece João Carino, que assina o roteiro e a direção artística do espetáculo.
Insensato Destino é o nome de uma das canções mais famosas e emblemáticas de Almir, filho do violonista Iraci de Souza Serra, integrante do Fina Flor do Samba e de Nair de Souza, uma das principais figuras da Acadêmicos do Salgueiro, e irmão de Chiquinho, um dos fundadores dos Originais do Samba, grupo do qual ele também participou. O sambista ganhou notoriedade por suas composições e como intérprete na década de 80. Ganhou o apelido no sobrenome por ser uma derivação da palavra magnata, que evoluiu para magneto e, por fim, Guineto. Ele faleceu aos 70 anos, em maio de 2017, em decorrência de complicações provocadas por insuficiência renal, no Hospital Universitário Clementino Fraga, no Rio de Janeiro.
Serviço:
Show: Insensato Destino – Marcus Lima canta Almir Guineto
Local: Teatro Municipal de Niterói
Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói
Data: Única apresentação dia 10 de julho, às 19 horas
Ingresso: R$20 / R$10 (meia entrada)