A Sala Carlos Couto – anexa ao Teatro Municipal de Niterói – vai homenagear, a partir do dia 8 de agosto (abertura neste dia, às 19h) o Rei do Ritmo, cantor, compositor e instrumentista Jackson do Pandeiro, que completaria 100 anos, no dia 31 agosto, com a exposição “100 anos do Ritimista Jackson do Pandeiro”. A mostra, que tem a curadoria de Teca Nicolau, contará um pouco sobre a trajetória de vida e obra deste grande músico, por meio de fotografias e alguns discos de vinil. No dia da abertura, haverá, ainda, show do músico Marcelo Mimoso, no patio do Teatro Municipal de Niterói.
José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro, nasceu em Alagoa Grande, na Paraíba, em 31 de agosto de 1919. Vindo de uma família de artistas populares – a mãe era cantora de pastoril –, sua história reforça a influência da cultura negra na música nordestina. Jackson é considerado um dos maiores ritmistas da história da MPB. Em 54 anos de carreira, foi responsável, ao lado de Luiz Gonzaga, pela popularização nacional de canções nordestinas.
Sobre Jakson do Pandeiro
Em 31 de agosto de 1919, no Engenho Tanques, na zona rural de Alagoa Grande, numa casinha bem humilde, nasceu o menino José Gomes Filho. O seu pai chamava-se José Gomes. Ele era OLEIRO (fazia tijolos artesanais). Sua mãe era CANTADORA DE COCO e cantava nas feiras, da cidade e da região. Seu nome era Flora Maria da Conceição, mais conhecida como Flora Mourão. Desde cedo, o menino José acompanhava a mãe, durante suas apresentações nas feiras.
O sonho dele era ser um artista de cinema. Em suas brincadeiras de criança, o garoto sempre imitava o ator norte-americano JACK PERRIN, que era seu herói dos filmes de faroeste, nos tempos do cinema mudo, que havia chegado na cidade em 1920. Por conta disso, adotou o apelido de JACK para si, mesmo contra a vontade de sua mãe.
Jackson do Pandeiro acompanhava a mãe nas feiras, tocando zabumba. Tinha vontade de aprender sanfona, mas como era muito cara, ganhou um pandeiro. E foi o pandeiro que fez o menino tornar-se o Rei do Ritmo.
A infância de garoto Jack em Alagoa Grande foi dura e de muitas dificuldades. Depois da morte do patriarca, a família Gomes chegou a passar fome. Assim, Jackson, Dona Flora, Severina e João, mudaram-se para Campina, na esperança de uma vida melhor. Foram a pé. Estima-se que a viagem tenha durado 4 dias. Além de Severina e João, Jackson teve um outro irmão, Cícero, nascido já em Campina Grande, fruto de outro casamento de Dona Flora.
Em Campina Grande, Jackson foi engraxate e também ajudante de padeiro. Ele tocou nos cabarés e cassinos da cidade e, nessa época, conheceu Maria da Penha Filgueiras, com quem casou-se em 1938. O casamento não durou muito. Ainda em Campina Grande, adotou o nome de JACK e formou a dupla CAFÉ COM LEITE, ao lado de José Lacerda, irmão de cantor Genival Lacerda. Campina Grande teve grande importância na vida de Jackson do Pandeiro e ele gravou várias músicas em homenagem à Rainha da Borborema.
Chegando em João Pessoa, Jack (como gostava de ser chamado) foi convidado para fazer parte do cast (equipe de músicos) da Rádio Tabajara e ele logo se destacou. Aos vinte e poucos anos, a sua habilidade abriu as portas para o grande sucesso que ele faria no Recife, nos anos seguintes.
Em 1948, Jackson e outros artistas são contratados para tocar na Orquestra Jazz Paraguary, de Recife. Chegando à esta capital, na Rádio Jornal do Commercio, Jackson conhece o locutor-chefe daquela emissora, Ernani Séve. Teria sido ele quem acrescentaria o "son" ao nome "Jack", segundo o próprio Jackson sempre afirmava que foi em Recife que ele assinou o seu primeiro contrato de trabalho, já com o seu novo nome artístico. Lá, o paraibano começaria sua brilhante carreira, no início, como intérprete, cantando samba.
Ao lado de Almira, uma radioatriz e professora, Jackson do Pandeiro formou uma dupla de muito sucesso. Eles fizeram muitos trabalhos, apresentações, shows filmes e também a gravação de vários discos da carreira. Alguns desses discos, traziam a imagem de Almira na capa. Em 1955, Jackson e Almira se casam. A festa de casamento durou 4 dias.
Em 1967, Jackson conheceu a baiana Neuza Flores, com quem viveu os últimos 15 anos da sua vida. Eles também tocaram e cantaram juntos, em vários momentos.
Até seus 35 anos, Jackson ainda era analfabeto. Foi Almira Castilho (sua segunda esposa) quem o alfabetizou. Esse fato foi marcante em sua vida.
Após gravar seu primeiro disco, Jackson foi de navio para o Rio de Janeiro, pois ele tinha medo de viajar de avião. No Rio, ele assinou contrato com a Gravadora Copacabana, onde faria ainda mais sucesso com músicas como "Sebastiana” e "O canto da ema".
Jackson do Pandeiro gravou 137 discos e deixou centenas de músicas gravadas. É admirado por grandes artistas da MPB, como Gilberto Gil, Alceu Valença, Silvério Pessoa, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Lenine, Biliu de Campina, Zé Ramalho e outros. Em 10 de julho de 1982, Jackson do Pandeiro (que era diabético) sofre uma descompensação diabética e morre em Brasília/DF.
SOBRE DE MARCELO MIMOSO
Dono de uma voz marcante e de uma interpretação que emociona, Marcelo Mimoso segue carreira solo fazendo uso do que viveu desde a infância. Seu pai é Fidelis do Acordeon, sanfoneiro paraibano que envolveu o filho na música e na cultura regional nordestina.
Tendo por inspiração Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino e Dominguinhos, entre outros, Marcelo se apresenta no circuito do forró, em festas particulares e em grandes eventos com banda ou no formato do tradicional trio “sanfona, zabumba e triângulo” criado por Gonzagão.
Com extensa experiência como intérprete, já dividiu o palco com grandes nomes do cenário nacional. Com Gilberto Gil, Lenine, Mestre Azulão do Repente e Elba Ramalho, esteve ao lado do homenageado Dominguinhos no 30o Prêmio Shell da Música Popular Brasileira em 2010. Com Fernanda Abreu e Paula Lima homenageou Jackson do Pandeiro na Expo Samba, que aconteceu em 2012 no Arena HSBC em São Paulo. Também foi convidado para participar do Troféu Gonzagão, em Campina Grande, por dois anos consecutivos, homenageando Dominguinhos (2014) e os 3 do Nordeste (2015).
Arrebatou alguns prêmios na carreira: com “Os Cabras” foi vencedor dos prêmios “melhor trio” e “melhor trianguleiro” do Festival Nacional de Itaúnas em 2006, além de ser indicado como melhor vocalista e foi intérprete da música campeã do Festival Nacional de Marchinhas em 2015.
No ano de 2012, estreou como ator no premiado musical de João Falcão, “Gonzagão, A Lenda”, interpretando o Rei do Baião e em 2014 foi indicado ao prêmio Bibi Ferreira na categoria de melhor ator. Na peça, que rodou em turnê o Brasil e chegou à Colômbia no XIV Festival Iberoamericano de Teatro de Bogotá em 2014, Marcelo provou mais uma vez seu talento como cantor. Esteve pela primeira vez na Europa mostrando seu consagrado trabalho no final de 2018.
No momento está em estúdio gravando um trabalho que trará composições inéditas e clássicos do forró.
SERVIÇO
Exposição: “100 anos do Ritimista Jackson do Pandeiro”
Abertura da exposição: 08 de agosto, às 19h, com show do músico Marcelo Mimoso
Período: de 9 de agosto a 30 de setembro
Horário: terça, das 10h às 14h; de quarta a sexta, das 10h às 18h; e Sábado e Domingo, das 15h às 18h
Local: Sala Carlos Couto (anexa ao Teatro Municipal de Niterói)
Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói
Tel: 2620-1624
ENTRADA GRATUITA
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